3 de mar. de 2009

O bom garfo que não dói no bolso

GASTRONOMIA
Começa a 4.ª Restaurant Week; 122 estabelecimentos terão preço fixo

Para muitos paulistanos, hoje começa uma verdadeira maratona gastronômica. Em sua quarta edição, o Restaurant Week reúne 122 bons restaurantes - que até o dia 15 devem receber mais de 200 mil clientes, atraídos pelos preços fixos, de R$ 25 no almoço e R$ 39 no jantar. "É um ótimo custo-benefício", admite o médico Bruno Mendonça Coelho, que participa desde a primeira vez que o festival aconteceu.

A ideia não nasceu aqui. Em Nova York, nos Estados Unidos, o evento gastronômico acontece desde 1992. "Morei durante 11 anos lá, onde trabalhei em uma rede de restaurantes", conta o empresário Emerson Silveira, proprietário do bar Camará, na Vila Madalena, e dono da marca no Brasil. "Quando voltei, pensei que podia dar certo também na cidade."

Foram cinco anos de estudos para que a primeira edição da Restaurant Week tupiniquim acontecesse, em setembro de 2007, com a adesão de 45 estabelecimentos paulistanos. Pelo preço fixo, as casas se comprometem a oferecer entrada, prato principal e sobremesa. "É um negócio bom para todo mundo", acredita Silveira. "Ganham o dono do restaurante, os garçons e os consumidores."

Há quem planeje com antecedência a rota dos restaurantes a serem visitados. A médica e atriz Simone Zucato passou o fim de semana conferindo a lista dos participantes para traçar, com o noivo, uma programação gastronômica para as duas semanas de festival. "Pretendo jantar em restaurantes diferentes todas as noites", diz. "Adoro ir a restaurantes. Um evento como esse é fabuloso."

MOVIMENTO
Como um de seus hobbies é a culinária, Simone aproveita essas "experiências gastronômicas" para se inspirar na cozinha. "Para mim, cozinhar é um ritual. Faço pelo menos duas vezes por semana", diz. "Aprendi com a minha mãe, mas conhecendo novos pratos, tenho novas ideias."

Os restaurateurs também comemoram. "O Restaurant Week garante um movimento seis vezes maior ao meu bistrô", comenta João Renato da Silva, um dos sócios do Lola Bistrot, na Vila Madalena. "Participo desde a primeira edição."

O proprietário do Obá, nos Jardins, Hugo Delgado, precisa reforçar a equipe para dar conta da demanda - que chega a dobrar. "Revejo as escalas de folgas dos funcionários e contrato mão-de-obra adicional", revela. "Em um almoço, eu normalmente trabalho com três garçons. Durante o Restaurant Week, ficam cinco."

Em uma cidade com tanta oferta gastronômica - são 12,5 mil casas do ramo, de acordo com a SPTuris -, há opções para todos os gostos e bolsos, é verdade. Por isso essa é a chance que muitos encontram para tentar fisgar um freguês de primeira viagem. "Recebo de 30% a 40% a mais de clientes nessa época. Temos a oportunidade de conquistá-lo para que se torne um frequentador constante", acredita Alexandre Miqui, proprietário do Shimo, nos Jardins.

"No Restaurant Week, eu e minha mulher aproveitamos para ir a restaurantes como o AK Delicatessen, o Obá e o Thai Gardens", exemplifica o médico Coelho. "Pelo preço, são lugares que não conseguimos frequentar tanto. Mas, durante o festival, saem super em conta."

O número de clientes que o festival paulistano pretende atrair neste ano - 200 mil - é quase nada perto dos 2 milhões que frequentam o similar nova-iorquino no qual foi inspirado. "Mas já representa bastante", defende Silveira. "Conseguimos criar turismo gastronômico na cidade." A prova de que deu certo é que outras capitais brasileiras já estão realizando eventos iguais. No ano passado, foi a vez do Recife.

"Meus parentes, que conheciam o daqui por causa de mim, disseram que agora não são mais órfãos porque têm o deles", brinca Coelho, que é recifense e mora em São Paulo há seis anos. Rio e Brasília devem ser as próximas a receber o festival da boa comida que não dói no bolso. Confira a programação completa no site www.restaurantweek.com.br.


Segunda-Feira, 2 de Março de 2009

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