7 de mar. de 2009

O primeiro tango na Berrini

DANÇA
Evento de rua que deve começar a partir de amanhã será semanal

Carlos di Sarli, Francisco Canaro, Osvaldo Pugliese, Anibal Troilo... O paulistano que está familiarizado com esses nomes certamente vai adorar. Quem nunca os ouviu terá a chance de conhecer a obra deles e de outros mestres do tango em evento gratuito e aberto na tarde de amanhã – se não chover. Às 17 horas, a Praça General Gentil Falcão – que fica na altura do número 1.000 da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, no Brooklin – será transformada num verdadeiro salão de dança. O programa, organizado por um grupo de apaixonados pelo estilo musical argentino, deverá se repetir semanalmente.

“No ano passado, eu viajei para a Europa e vi como esse tipo de coisa é muito comum por lá”, afirma o advogado Jairo Braz de Souza, de 65 anos, um dos idealizadores do projeto, batizado de Tango na Rua. Entre outros lugares, a prática acontece no Largo do Carmo, em Lisboa, Portugal, e no Hyde Park, em Londres, na Inglaterra. Além, é claro de Buenos Aires, capital argentina e capital mundial do tango. “Queremos mostrar para as pessoas que o tango é viável. Exige um certo preparo e paciência, mas não é impossível de ser aprendido”, completa o advogado, que se dedica à dança há três anos.

Outra “fãzaça” do estilo é a psicóloga Virgínia Hollaender, de 63, que começou a dançar como consequência de sua profissão. “Há uns 13, 14 anos, quando abri meu consultório, notei que muitas pessoas recém-separadas tinham dificuldades para refazer sua vida”, lembra. “Resolvi promover alguns bailes para dar a oportunidade a eles de se conhecerem.” O primeiro desses eventos aconteceu em 1995.

No começo ninguém arriscava passos de tango. Até que, no mesmo ano, a psicóloga resolveu acompanhar um festival de dança no Rio e lá conheceu um casal de argentinos. “Convidei-os para dar um workshop de tango ao meu pessoal daqui”, conta. “Me entusiasmei e também aprendi.” Virgínia se transformou em uma grande divulgadora do gênero. Organizou pelo menos 14 excursões para Buenos Aires com o objetivo de mostrar aos paulistanos a beleza do tango. A psicóloga continua acreditando que a dança ajuda a aproximar as pessoas. Foi em um baile, aliás, que ela conheceu seu terceiro e atual marido. Mas não, não era de tango. “Depois ele aprendeu comigo e hoje também dança”, afirma.

Os organizadores do evento esperam receber pelo menos 200 pessoas. Estima-se que, dentre os 4 mil paulistanos que praticam assiduamente algum tipo de dança, cerca de 300 se dediquem ao tango. “A maior parte está na faixa dos 40, 50 anos, mas já têm aparecido alguns praticantes com cerca de 25 anos”, afirma o jornalista Milton Saldanha, de 63 anos, proprietário do jornal Dance, especializado no tema, que há 15 anos circula gratuitamente nas escolas de dança. Na Grande São Paulo, há 120 academias de dança – quase todas oferecem a modalidade, mas apenas uma, na Vila Mariana, é especializada exclusivamente em tango. “É um mundo ainda muito pequenininho”, admite Saldanha.

Para quebrar qualquer preconceito dos mais jovens, a arquiteta (por formação) e professora de tango (por opção) Juliana Maggioli estará amanhã na praça. Aos 25 anos, recém-graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, ela decidiu transformar o hobby em profissão. “Dou aula em três academias e tenho cinco alunos particulares”, diz. “Durante o Tango na Rua, quero ajudar as pessoas que estão começando a dançar. E contrariar o mito de que o tango é algo ultrapassado e para velhos.”


Sábado, 7 de março de 2009

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