17 de jul. de 2009

Apenas um pequeno acidente

TRÂNSITO

Da janela de meu quarto observo o vaivém da Faria Lima, atípico para uma sexta-feira. É o feriadão que, nem bem começou, já traz calmaria ao trânsito paulistano. (Estima-se que 1,5 milhão de veículos deixem São Paulo durante o Carnaval. Imagino que a coisa deva estar bem diferente nas vias que dão acesso às principais estradas.) Mas eis que, perto do Largo da Batata, um motorista mais desatento impede uma motoca velha de fazer o ziguezague costumeiro – e condenável – entre os carros. Batida leve. Vejo daqui que o sujeito abre a porta, desce, mete bronca no motoboy, resmunga. Ao olharem que nada aconteceu com carro, moto, pilotos ambos, tudo se acerta por aí mesmo, sem polícia, sem CET, sem bombeiros nem nada. Bom assim. Um esbarrão desses não entra na cifra dos 25 acidentes diários envolvendo moto na cidade. Daqui a pouco o motorista já estará de volta ao seu trabalho – talvez um escritório com ar-condicionado na própria Faria Lima – contando as horas que faltam para beber todas e curtir o feriado. Daqui a pouco o motoboy já estará fazendo outra entrega de “esse documento é urgente, pra ontem, corra” e, quem sabe, mais à noite ainda faça um bico numa pizzaria de seu bairro, lá na Zona Sul.

Na semana passada, fizemos uma reportagem sobre essa guerra urbana entre carros e motos. Faz tempo que o trânsito de São Paulo está impraticável. É um problema de quase impossível solução. Educação, fiscalização e respeito à legislação são caminhos que podem atenuar o caos, evidentemente. Também não podemos generalizar, botando a culpa nos taxistas, nos motoristas de ônibus ou nos motoboys. Há maus motoboys, sim. Como há maus jornalistas, maus advogados, maus médicos, maus pedreiros e maus políticos... Por outro lado, existem os bons motoboys – desde profissionais dedicados e cuidadosos até dublês de heróis, como nos contou a leitora Mirian Abdalla, em carta publicada na edição desta semana.


Sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

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