13 de jul. de 2009

O maestro do caos urbano

PERFIL

O maestro paulistano Livio Tragtenberg, 48 anos, é o personagem da seção Paulistânia que o Estado publica hoje. Autodidata, ele começou a se interessar por música aos 13 anos. Desde 1983, faz trilhas para cinema - começou com curta-metragens, depois partiu para os longas.

Livio está à frente de diversos projetos bacanas. O Neuropolis, criado em 2004, reúne 14 músicos de rua de São Paulo. O projeto se expandiu e ganhou réplicas em Miami, Berlim e Rio de Janeiro. Em breve chegará a Bruxelas. "A diferença entre elas é total", conta. "Em São Paulo foi onde consegui a maior mistura de estilos musicais: aqui você tem o boliviano ao lado do japonês, do maranhense, do pernambucano... Coisa de metrópole."

No YouTube há um vídeo que mostra um pouco a história dessa inusitada orquestra:



Com sete integrantes, nasceu o Som do Meio Fio, uma versão reduzida da orquestra principal.

Livio também rege a Blind Sound Orchestra, um grupo de músicos cegos que executam trilhas sonoras para cinema mudo. "Eu uso um ponto eletrônico para orientá-los de modo que sua atuação esteja sincronizada com as imagens da tela", revela. "É um pouco a coisa do circo, do truque." No vídeo a seguir, trecho da apresentação deles em Berlim, em maio do ano passado:



Amanhã, às 21h, Livio e seu colega Wilson Sukorski estarão no Theatro São Pedro (Rua Barra Funda, 171, Barra Funda, São Paulo - Fone: 11-3667-0499) executando a trilha sonora do filme mudo São Paulo, A Symphonia da Metrópole, de 1929. "Na época em que estreou, fez um sucesso tremendo", afirma. "Ele foi o primeiro filme que mostrou aos paulistanos a imagem da cidade na tela." Veja trechos:



Em 2005, o documentário foi exibido no auditório do Museu do Louvre, em Paris. E lá aconteceu uma história engraçada envolvendo os dois músicos brasileiros. "Descobrimos que o telefone do camarim estava desbloqueado. A gente ligou para a mãe, para todo mundo. Uma grande molecagem”, diverte-se Wilson Sukorski, parceiro de Livio. Confira um trecho da apresentação:



Quando recebeu o Estado, na última terça-feira, Livio também falou sobre sua relação com a cidade. "Meu 'esporte' preferido é andar erraticamente por São Paulo. Adoro o centro, até o que ele tem de decadente", diz. "É um local muito rico em termos humanos."

Ele se mostrou, entretanto, decepcionado com os "rumos que as coisas estão tomando". "Aqui é o 'jeca set', não é o 'jet set'. Porque o paulistano é jeca, eu mesmo me assumo como um deles", critica. "É o jeca urbano, uma mania de querer se sentir em Paris, em Nova York... Aqui há uma realidade muito interessante e própria, não precisamos querer ficar imitando."


Domingo, 28 de junho de 2009

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