A redação ficou alvoroçada hoje pela manhã, com duas aves que apareceram na janela, aqui no 19.º andar de nosso prédio, na Marginal Pinheiros.
- São urubus! Sinal de mau agouro... – comentou uma míope repórter.
- São falcões peregrinos – afirmou, categórico e pimpão, um editor metido a sabe-tudo.
- É o superman – pensou todo mundo (mas ninguém teve coragem de falar).
Liguei para o ornitólogo Johan Dalgas Frisch, presidente da Associação de Preservação da Vida Selvagem e autor do livro Aves Brasileiras. Enquanto conversávamos, ele ficou empolgado com a nobre visita. “Devem ser os falcões. Dos 10 000 exemplares que existem no mundo, dois costumam vir para a cidade de São Paulo anualmente. São do hemisfério norte e migram para fugir do frio. Chegam antes do Natal e vão embora logo depois do Carnaval”, disse.
Mas quando ele abriu meu e-mail com a foto, soltou uma gargalhada. “Não passam de carcarás”, diagnosticou. “Esses aí são encontrados até em lixões.”
Pois é. Pensávamos que tínhamos sido visitados pelos nobres falcões peregrinos. Mas quem veio bater à nossa janela foram os seus primos pobres.
Segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
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