25 de jul. de 2009

Circos e “O” circo

CIRCO

Nascido e criado no interior, fui a incontáveis circos mambembes em minha infância. Muitos mesmo, sem idéia de quantos. Era só aparecer um lá em Taquarituba, de onde sou, que já estava eu querendo assistir à trupe. A maioria, infelizmente, de péssima qualidade. Alguns bons. Outros até ótimos.

Pois acabo de chegar do Cirque du Soleil, em cartaz até maio no Parque Villa-Lobos com o espetáculo Alegría. O que há de diferente? De onde vem tanta magia? Por que eles são tão sensacionais? Enquanto via, extasiado, o espetáculo, rememorava esquetes circenses assentadas em minha cabeça e tentava compreender a origem de tamanho contraste.

Sem dúvida a direção é um dos pontos. No Soleil, ao contrário da maioria dos circos, há um cuidado com a distribuição dos atores pelo picadeiro – praticamente um palco –, há ritmo em tudo, há um encadeamento lógico nas músicas, há uma zelosa iluminação, etc. etc. etc. O talento do elenco também precisa ser levado em conta. Entrar para a companhia canadense não é fácil. Eles fazem testes no mundo todo, garimpando os melhores – que antes de estrearem ainda passam por uma bateria de treinamentos na sede do circo, em Montreal.

Tudo isso somado a uma boa dose de marketing transformaram o Cirque du Soleil em uma verdadeira grife. Mas o que sinto, como espectador? Que a diferença entre Alegría e o sem-número de apresentações circenses que já vi está nos leves detalhes. Leves.

Porque em um circo comum, os palhaços fazem cócegas no público. No Soleil, eles apenas passam uma sutil pena na sola dos nossos pés.

Porque em um circo comum, os números de malabarismo são prosa. No Soleil, uma fogosa poesia.

Porque em um circo comum, os acrobatas desafiam a lei da gravidade. No Soleil, eles a ignoram.

Porque em um circo comum, o espetáculo parece um amontoado de acordes de rock. No Soleil, tem-se um perfeito solo de jazz.

(Claro também que em um circo comum a pipoca não custa 13 reais, nem um copo d’água sai por 3 reais).

***

Na terça-feira de carnaval bati um papo com Marcos de Oliveira Casuo, para escrever o seu perfil. Boa praça, Casuo é o único brasileiro entre os 55 atores de Alegría. Quando entrou para a companhia, em 2001, só havia assistido a um espetáculo do Cirque du Soleil em fita VHS.


Domingo, 10 de fevereiro de 2008

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