4 de dez. de 2008

Garis por um dia

VOLUNTARIADO
Varrer a Paulista e a Praça da Sé é o programa de uma turma de ongueiros para este domingo

Os paulistanos Sofia Takese e Edmilson Martins pretendem cair da cama às 5h30 neste domingo (1º). Das 8 horas ao meio-dia, dividirão com outras 1 500 pessoas a tarefa de varrer a Avenida Paulista e a Praça da Sé. Por quê? Bem, é que promover a limpeza física seria um meio de obter limpeza espiritual e social, princípio da ONG de que participam, a Zeladoria do Planeta. "Considero uma lição de humildade", afirma Martins, que no horário comercial trabalha como professor. Integrante do grupo desde 2004, ele relata pelo menos uma mudança provocada pela vida de faxineiro por um dia. "Aprendi a arrumar meu quarto", conta. Sofia, funcionária de um hotel, participará pela terceira vez. "Todo mundo reclama da sujeira de São Paulo", diz. "Mas ninguém se mexe para embelezar a cidade."

A idéia de varrer espaços públicos nasceu no Japão, em 1992, e chegou ao Brasil quatro anos mais tarde pelas mãos do empresário Hideaki Iijima. Japonês radicado em São Paulo (é dele a rede de salões de beleza Soho), Iijima foi a seu país natal em 1995 ajudar na reconstrução da cidade de Kobe, devastada por um terremoto. Deparou com voluntários da Zeladoria munidos de vassoura, o que lhe pareceu estranho diante de um desastre com 6 500 mortos. "Quando cada um cuida de sua parte, por menor que seja, faz diferença", explica. A julgar por sua rotina, ele leva a idéia a sério. Todos os dias, é visto varrendo a Rua Manuel da Nóbrega, no Paraíso, onde mora, entre 4h30 e 5h30. Se ele sonha em ver os paulistanos seguir seu exemplo? Mais ou menos. "Não jogar sujeira no chão já seria um bom começo."


Quarta-feira, 4 de junho de 2006

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