29 de jan. de 2009

Por mês, 900 caminhões de lixo são retirados das rodovias paulistas

SUJEIRA NAS ESTRADAS
Detritos aumentam o risco de acidentes, prejudicam a drenagem das pistas e causam mortes de animais

Todos os meses, as concessionárias que administram 4,3 mil quilômetros da malha rodoviária paulista retiram cerca de 900 caminhões cheios de lixo das estradas. O levantamento, realizado pela Agência Reguladora de Transporte (Artesp) a pedido do Estado, dá uma ideia do tamanho do problema causado por porcalhões que, ao viajar, parecem se esquecer de levar a civilidade junto com as malas.

“Nesta época do ano, por causa das férias, recolhemos 20% a mais de lixo”, revela Artaet Martins, assessor de Qualidade, Meio Ambiente e Responsabilidade Social e Empresarial da Ecovias. A média mensal de detritos retirados das estradas pela concessionária, que administra as rodovias Anchieta e Imigrantes, é de 147 toneladas – 30% a mais do que dois anos atrás.

A Artesp recebe relatórios de atividades das 12 concessionárias que atuam no Estado de São Paulo. Um dos itens que aparece nesse material é a quantidade de lixo recolhido. Não há uma padronização – metade das empresas informa em volume, metade em peso, o que impossibilita uma estatística total consolidada. A média mensal de 2008, nas rodovias paulistas sob concessão, foi de 406,87 toneladas e 3.874,57 m³.

De acordo com a Ecovias, o perfil de quem suja as rodovias mudou. “Há dois anos, 60% da sujeira era depositada por moradores de comunidades próximas”, diz Martins. Assim, no acostamento era comum que fossem encontrados móveis velhos e detritos domésticos. “Hoje, a maior parte do lixo é jogada por ocupantes de veículos.”

As consequências podem ser desastrosas. “O lixo acumulado aumenta o risco de acidentes e obstrui a drenagem das rodovias”, explica Odair Tafarelo, gestor de Atendimento da AutoBAn, que administra as rodovias Anhanguera e Bandeirantes. Há ainda um efeito colateral: a morte de animais. “São atraídos pelos odores de restos de comida e acabam atropelados”, conta Martins, da Ecovias. “Em 2006, eram 120 animais mortos por mês no Sistema Anchieta-Imigrantes. Hoje são 190.” Desses, 80% são cães.

Pelo lado das concessionárias, há ainda um ônus financeiro. “Só para recolher o lixo diariamente gastamos R$ 350 mil por mês”, diz Martins. “Investimos R$ 70 mil por mês na limpeza das rodovias”, afirma Antonio Mozelli, gerente de Conservação Rodoviária e Meio Ambiente da SPVias, que administra 516 quilômetros em trechos das Rodovias Castello Branco e Raposo Tavares, entre outras.

Esse caro trabalho precisa ser constante. “Pelo edital da concessão, temos a obrigação de manter a rodovia bem conservada”, explica Mozelli. A SPVias divide sua malha viária em seis lotes, para organizar a operação. Em cada um deles ficam oito funcionários de limpeza e um caminhão. O lixo recolhido é depositado em pontos chamados por eles de “unidades de conservação”. “Ali fazemos uma pré-seleção, separando o que é reciclável e o que vai para lixões”, diz Mozelli.

Cinco caminhões e 58 funcionários cuidam da limpeza do Sistema Anhanguera-Bandeirantes. “Os agentes catam o lixo e acondicionam em sacos plásticos que ficam na beira da rodovia. Em seguida passa um caminhão e recolhe”, conta Tafarelo, da AutoBAn. Os detritos ali recolhidos são encaminhados para dois lixões – um no km 33 da Rodovia dos Bandeirantes, outro em Limeira.

A Ecovias divide seus funcionários em duas equipes: uma mais próxima do litoral e outra mais perto da capital. Cada grupo conta com 40 pessoas. “O lixo é recolhido e vai para uma central de resíduos onde a gente faz a primeira triagem”, relata Martins. “Temos parcerias com quatro cooperativas de reciclagem em São Bernardo do Campo e Diadema e mandamos esse material para lá.”

A malha rodoviária paulista sob concessão responde por 68% dos deslocamentos intermunicipais no Estado. A Secretaria dos Transportes não tinha dados consolidados sobre o lixo recolhido nas outras rodovias.


Domingo, 18 de janeiro de 2009

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