26 de fev. de 2009

Comida para quem tem fome

Nos restaurantes do Bom Prato, uma refeição completa custa apenas R$ 1, mas o Estado subsidia R$ 2,25
SÃO PAULO 455 ANOS

É possível comer bem por R$ 1 em São Paulo. Em qualquer um dos 17 restaurantes Bom Prato da cidade – há outros 13 em todo o Estado, perfazendo um total de 43 mil refeições por dia –, a fila da fome encontra alívio para o estômago.

O chefe de cozinha da unidade Jabaquara, onde comem 1.200 todos os dias, é Joel Pego, de 28 anos. Ele é mineiro, vive em São Paulo há cinco anos, já tinha trabalhado em restaurantes de Belo Horizonte, mas na capital paulista começou lavando pratos. “Aí fui subindo e, desde o ano passado, comando a cozinha”, diz, orgulhoso. “Antes, nunca tinha cozinhado para tanta gente.”

Não é Joel quem define o que vai ser servido no dia. Na véspera, um cardápio formulado pela nutricionista Ariadne Holanda Silva, de 32 anos, chega às suas mãos. “Procuro atentar para a sazonalidade, para conseguirmos bons produtos a preços razoáveis. E, claro, planejo para que a refeição seja balanceada e colorida”, explica ela.

No dia 8, quando a reportagem do Estado almoçou no Bom Prato, foram servidos arroz, feijão, farinha de mandioca, pão, chuchu refogado, salada de alface e isca de carne ao molho oriental. De sobremesa, gelatina. E um copo de suco de manga. Tudo em quantidade caprichada. “O prato tem, em média, 1.600 calorias”, diz a nutricionista. “Partimos do pressuposto de que é a única refeição completa que a pessoa terá no dia.” De 60% a 70% dos frequentadores são clientes fixos.

Dentro da cozinha, a movimentação dos funcionários começa bem cedo. Joel, o chefe, chega por volta das 6h20 – para tanto, precisa sair de sua casa, no Tucuruvi, sempre às 5 horas. No total, são 12 funcionários na equipe: além de Joel e de Ariadne, há ajudantes de cozinha. Até as 10h30, a comida toda tem de estar pronta. E haja comida. Diariamente, são consumidos na unidade Bom Prato Jabaquara 200 quilos de arroz, 80 quilos de feijão, 200 quilos de carne, de 60 a 80 quilos de salada, 1.200 pãezinhos e 240 litros de suco.

Mantido pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento do governo do Estado, o programa existe desde 2000. O custo de cada refeição é de R$ 3,25, mas, como o governo subsidia R$ 2,25, o cliente paga apenas R$1.

Há dias em que Joel ainda cozinha quando volta para sua casa, onde vive com a mulher e uma cunhada. “Faço quase as mesmas receitas”, diz. “Mas, é claro, em quantidade bem menor.”

Domingo, 25 de janeiro de 2009

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