12 de fev. de 2009

Pilotos de F-1 testam trânsito de SP

PALAVRA DE ESPECIALISTA
A pedido do ‘Estado’, eles opinaram sobre os congestionamentos que infernizam os paulistanos – e reclamaram

Asfalto ruim, excesso de carros, motoristas alcoolizados e transporte público ineficiente. Ouvidos pelo Estado, cinco pilotos de Fórmula 1 elencaram esses como os principais problemas do trânsito paulistano. São, ao que parece, um desafio até maior para eles do que enfrentar as 71 voltas do GP Brasil, hoje, às 15 horas, em Interlagos.

Favorito ao título, o inglês Lewis Hamilton diz que as ruas da capital estão entre as mais congestionadas que ele já viu. Na quinta, dirigiu pela segunda vez na cidade, em evento promovido por um de seus patrocinadores. Sobre sua “pilotagem” pelas ruas, ele lembrou que foram apenas “curtas distâncias”. E aproveitou para soltar um bem-humorado comentário, uma vez que em seu país, a Inglaterra, mão e contramão são invertidas. “Como sou inglês, preciso sempre prestar atenção nos dois lados das ruas.”

Com chances matemáticas de levar o título, o brasileiro Felipe Massa conhece bem as agruras do nosso trânsito. Paulistano do Itaim-Bibi, ele passa parte do ano em seu apartamento de 628 metros quadrados, no Morumbi. Não é só nas pistas que põe as mãos no volante.

Sempre que está em São Paulo, Massa costuma sair de carro – tem um Fiat Linea e uma Maserati. Freqüenta bons restaurantes como o Gero, nos Jardins, e o circuito gastronômico da Rua Amauri. Corre no Parque do Ibirapuera e é visto em cinemas. “Não há ninguém que goste dos congestionamentos”, diz. “O negócio é ligar o rádio e curtir, porque não tem o que fazer.”

E qual a dica que ele dá às autoridades para melhorar o trânsito paulistano? “Investir na ampliação do metrô, aumentar a área para circulação de veículos – se possível – e melhorar a qualidade do asfalto”, enumera. “Muitas vezes o trânsito fica complicado por causa do conserto de buracos nas ruas.”

Prestes a sentir o gostinho de correr um GP Brasil pela primeira vez, o brasileiro Nelsinho Piquet diz que raramente dirige seu Renault Mégane Grand Tour pelas ruas paulistanas. “Como tenho muitos amigos na cidade, é comum que eu ande de carona”, conta o filho do tricampeão mundial Nelson Piquet, que nasceu na cidade alemã de Heidelberg e passou a infância em Brasília.

Mesmo preferindo o banco do passageiro, o piloto reconhece que o trânsito paulistano é complicado. “Por isso, costumo organizar meus compromissos contando com o contrafluxo dos carros”, conta. Ele lembra que este é um problema comum a várias grandes cidades do mundo. “Equilibrar os dois, os carros e o transporte público, de forma inteligente, talvez seja a solução.”

O finlandês Heikki Kovalainen admite que nunca dirigiu pelas ruas de São Paulo. Ele acredita que problemas de trânsito intenso não são causados apenas pelo volume de carros nas ruas. “É a maneira como as pessoas dirigem: rapidamente, sem prestar atenção e após beber”, diz.

O brasileiro Rubens Barrichello, nascido e criado na região de Interlagos, diz que quando está em São Paulo gosta de dirigir – tem um Honda CRV. “Não vejo nenhuma atitude a curto prazo para melhorar a situação”, afirma, sobre as queixas. “Só se diminuíssemos o número de carros em circulação.”



Domingo, 2 de novembro de 2008

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