6 de fev. de 2009

Como é mesmo o nome dessa rua?

Grafias diferentes nas placas indicativas de vias de SP confundem paulistanos; Emurb pretende padronizá-las
URBANISMO

Rua Pirajuçara ou Pirajussara? Loefgreen ou Loefgren? Édison ou Edson? Atire o primeiro dicionário quem nunca titubeou ao ver tais nomes de ruas paulistanas. Problema mesmo é quando essas dúvidas chegam aos órgãos que deveriam saná-las – os responsáveis pelo emplacamento indicativo dos nomes de logradouros públicos.

Pois há esquinas em São Paulo onde podem ser observadas duas grafias diferentes para a mesma rua. Uma nas novas e bonitinhas placas colocadas pela Empresa Municipal de Urbanização, a Emurb (36 mil, no total); outra, naquelas placas maiores, instaladas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) geralmente nos semáforos, nos cruzamentos das ruas mais movimentadas (quase 4 mil).

Dissemos duas grafias diferentes? Perdão, caro leitor. Há casos em que uma terceira forma aparece (como em Loefgrem, na foto desta página) naquelas inutilizadas e quase extintas placas que, antigamente, eram afixadas na parede externa das casas de esquina.

De acordo com o historiador Maurílio José Ribeiro, da Seção de Logradouros do Arquivo Histórico Municipal, o que determina a forma correta do nome de uma rua é o documento da época de sua denominação. “Entendemos que o certo é o que está no Diário Oficial”, argumenta. “Para corrigir, é preciso uma nova publicação.” Parece simples, mas não é bem assim. Nos anos 1940, por exemplo, uma norma determinou que fossem aportuguesados os nomes que utilizassem K, Y ou W. “Uma medida nacionalista”, acredita o historiador. Por esse motivo, a Rua Wanderlei, que cruza com a Avenida Sumaré, virou Vanderlei. Mesmo assim, a placa da CET fixada no citado cruzamento ainda traz a grafia antiga (mesmo a CET não sendo daqueeeele tempo!).

Palavras originárias de línguas indígenas, como o tupi, costumam dar mais confusão ainda. “Apesar de a regra determinar que se use cedilha, há publicações, como no caso da Rua Turiassu, que determinam os dois esses”, diz Ribeiro.

Para tentar evitar tais desencontros, a Emurb pretende estrear ainda neste ano um serviço inédito de revisão das placas de São Paulo. Sobre motos, 30 funcionários deverão percorrer diariamente as ruas da cidade munidos de um computador de mão. Graças a um programinha desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), eles farão fotos e coletarão informações de cada uma das plaquinhas. “Além de checar os problemas de grafia, também vão verificar se houve depredações ou má conservação”, diz Luís Eduardo Brettas, gerente de Projetos Urbanos da companhia.

Será um jeito de diminuir o incômodo que muitos paulistanos sentem ao ver nomes de ruas grafados inadequadamente. Como o próprio historiador Ribeiro, aliás. “Por trabalhar com isso, criei o hábito de ficar observando atentamente cada placa”, diz. “Leio e penso no significado.”

Em tempo: segundo o Arquivo Municipal, o certo é Pirajussara, Loefgren e Edson. Mesmo que as placas erradas teimem em não concordar.


Sábado, 20 de setembro de 2008

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