18 de out. de 2009

Fogo destrói favela e desabriga 350 famílias

INCÊNDIO
Chamas, em área de 2 mil metros quadrados, começaram às 17 horas; causas ainda são investigadas, mas moradores falam em curto-circuito

Um incêndio destruiu, no início da noite de ontem, a Favela Diogo Pires, no Jaguaré, zona oeste de São Paulo, queimando uma área de 2 mil metros quadrados e desabrigando 350 famílias. Segundo o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas. Cinco pessoas sofreram intoxicação pela fumaça e foram encaminhadas, de ambulância, para um hospital da região. Outras se feriram levemente, por quedas enquanto corriam para fora dos barracos. Uma indústria química que fica ao lado da favela teve de ser isolada pelos bombeiros por causa do risco de explosões.

As causas do fogo, que começou por volta das 17h e só foi controlado 3 horas depois, são desconhecidas - moradores alegam que ocorreu curto-circuito em uma fiação. Além da indústria química, outra preocupação dos bombeiros era que o fogo atingisse um conjunto habitacional, vizinho da favela. Nem a fábrica nem os prédios sofreram consequências.

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) esteve na favela e afirmou que havia um projeto da Prefeitura para a desocupação da área. Parte das famílias, segundo ele, já estava cadastrada por programas sociais da administração municipal. Ontem à noite, a Defesa Civil iria até o local para atender os desabrigados, que seriam levados para abrigos da Prefeitura. Os moradores esperavam o atendimento nas entradas da favela.

No entorno, o cenário era desolador. Famílias em pânico tentavam salvar o que podiam. Crianças choravam. A movimentação era constante. Nas ruas, acumulavam-se pilhas de roupas, eletrodomésticos e móveis. "Perdi tudo o que tinha", dizia a doméstica Josefa Pires Barbosa, de 33 anos, mãe de quatro crianças pequenas. "Só salvei os meus filhos."

O pedreiro Paulo Jorge Chagas, de 39, relatou que viu quando o incêndio começou. "Duas crianças tentaram apagar com água. Não conseguiram e o fogo tomou conta de tudo", afirmou. "Consegui tirar só a máquina de lavar roupas e o micro-ondas." Ele estava preocupado porque não sabia onde iria se abrigar com a família - a mulher e os três filhos. "Vamos ter de tentar alguma casa de parente", comentava, com os olhos marejados. Segundo os moradores, o incêndio consumiu toda a favela.

COM A ROUPA DO CORPO
O ajudante-geral Reinaldo Abreu da Silva, de 20 anos, também perdeu tudo. "Quando o fogo começou, eu corri para ajudar a tirar as crianças dos outros barracos", afirmava. "Saí só com a roupa do corpo." Ao lado de outros vizinhos, ele guardava um espaço na rua com cadeiras, roupas e objetos pessoais dos que conseguiram salvar algo. "Saí com uma filha no colo e outra pela mão. Mais nada", dizia a faxineira Taliciana Abreu Lima, de 19 anos.

em parceria com Cristiane Bomfim.


Segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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