6 de mai. de 2009

Entre a tolerância e a xenofobia

O ELDORADO AFRICANO
Pesquisa angolana pretende mapear resistência a estrangeiros; para sociólogo, jovens se sentem ameaçados

Quem vive em Angola não costuma reclamar do tratamento que recebe da população local. Mas como essa presença estrangeira é vista pelos angolanos? Os brasileiros são unânimes em dizer que o povo de lá é muito receptivo, amistoso, simpático e hospitaleiro. Entretanto, talvez a realidade não seja bem assim.

Professor da Universidade Agostinho Neto (UAN), o sociólogo António Rocha Santana prepara uma pesquisa sobre a percepção que a população local tem dos estrangeiros. É a primeira vez que tal tema será estudado pela intelectualidade angolana. "Os dirigentes do país falam muito, sem nenhum dado concreto, que os angolanos são tolerantes à migração", afirma. "Na universidade, percebo que, à boca pequena, há um desconforto, principalmente entre os jovens, que temem ficar sem emprego."

Será que os operários têm uma visão parecida? Foi pensando nisso que Santana decidiu propor a pesquisa, que deve durar dois anos. Serão entrevistados angolanos de todas as faixas etárias e das mais variadas profissões. "Com o fim da guerra, Angola se tornou um dos maiores destinos da África", diz o sociólogo. "Por causa dos estrangeiros, hoje é difícil alugar uma casa em Luanda por um valor modesto."

PARCERIAS UNIVERSITÁRIAS
Única universidade pública de Angola, a UAN oferece 68 cursos de licenciatura, 18 de bacharelato e 15 de mestrado. Nela, estão matriculados 52 mil alunos. O país conta ainda com 14 instituições privadas de ensino superior.

A UAN é conveniada com dez universidades brasileiras - entre elas, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

São acordos que visam, principalmente, à troca de conhecimento. Mas também facilitam intercâmbios de alunos. Atualmente, cerca de 2 mil estudantes angolanos estão em faculdades brasileiras. "A partir do próximo ano, esperamos receber brasileiros aqui também", afirma o pró-reitor para a Cooperação, João Serõdio de Almeida. "O brasileiro é muito parecido conosco."


Domingo, 12 de outubro de 2008

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