21 de mai. de 2009

Por meio de mapas antigos, a evolução da cidade

URBANISMO

Da pequena e provinciana São Paulo de 27 mil habitantes de 1887 à metrópole em formação, com cerca de 3 milhões de moradores em 1954, a historiadora Maria Lúcia Perrone Passos e a arquiteta e urbanista Teresa Emídio reuniram mapas e textos para o interessante livro Desenhando São Paulo (coedição da Senac São Paulo com a Imprensa Oficial, 181 páginas, R$ 120), que mostra a evolução da capital paulista do final do século 19 à metade do século 20.

São 59 mapas, pela primeira vez publicados de forma sistemática, entremeados por textos cuidadosamente escolhidos sobre a São Paulo do período correspondente. Há impressões de Cassiano Ricardo, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Claude Lévi-Strauss, Paulo Bomfim, Guilherme de Almeida, Blaise Cendrars, Mário de Andrade e outros. “Quando, nos anos 80, fazia um levantamento de livros sobre a história de São Paulo, comecei a descobrir textos fantásticos”, conta a historiadora Maria Lúcia. “Esse material deu ao livro uma qualidade literária.”

Reunir os mapas, o filé de Desenhando São Paulo, foi tarefa bem mais árdua. Começou há quase 30 anos, quando Maria Lúcia chefiava a Seção de Levantamentos e Pesquisas do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), da Prefeitura - Teresa trabalhava em sua equipe. “Na época, sentia a necessidade de contar com uma boa coleção de plantas históricas da cidade, para subsidiar nossos diferentes projetos”, comenta a historiadora. “Como tínhamos de identificar bens culturais a ser preservados, era preciso conhecer o processo de evolução do município”, complementa a arquiteta e urbanista.

Desde então, Maria Lúcia lutou obsessivamente para que o livro fosse concretizado. “É meu projeto de vida”, afirma. Os mapas que integram a obra são dos mais variados acervos: Biblioteca Mário de Andrade, Arquivo Histórico Municipal Washington Luís, Instituto Geológico, Fundação Patrimônio Histórico da Energia e Saneamento, entre outros. “Foram quatro anos de trabalho de campo e dois anos para concluir o livro”, lembra Teresa.

Entre as preciosidades está um colorido e desenhado mapa de 1887, com a indicação das igrejas, edifício públicos, hotéis e linhas de bonde. De 1929, há plantas da cidade de São Paulo efetuadas por meio da aerofotogrametria - técnica em que fotos aéreas norteiam o processo de confecção dos mapas. “Foi a primeira cidade do mundo a ser totalmente fotografada assim”, garante a arquiteta. No livro ainda constam mapas antigos de pontos bastante conhecidos da metrópole, como o Parque do Ibirapuera, a Avenida Paulista e o Museu do Ipiranga.

O recorte cronológico privilegia um período em que São Paulo viveu intenso crescimento urbano. “Vai desde o momento em que a cidade se transforma com a vinda da ferrovia até o quarto centenário de sua fundação”, explica a arquiteta. Por meio dos mapas, percebe-se nitidamente a evolução paulistana. “A partir dos anos 30, técnicos e engenheiros formados pela Poli (Escola Politécnica, da Universidade de São Paulo) começam a atuar nos serviços públicos”, relata. “A maneira de se pensar o urbanismo muda. Há uma visão mais articulada, com planos para reestruturar São Paulo.” A partir dessa época surgem as grandes avenidas que começam a dar à cidade a cara que ela tem hoje.


Terça-feira, 19 de maio de 2009

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