22 de mai. de 2009

O visionário que ajudou a urbanizar SP

MEMÓRIA
Horácio Sabino - taquígrafo, editor, advogado e empreendedor - tem sua história contada em livro; obra foi organizada por suas bisnetas

Horácio Sabino, o homem que empresta seu nome a uma praça em Pinheiros, na zona oeste, foi um empreendedor imobiliário sensível às mudanças urbanísticas enfrentadas pela "cidade que mais cresce no mundo", a São Paulo de seu tempo. Sua história está contada no recém-lançado livro Horácio Sabino - Urbanização e Histórias de São Paulo (Editora A&A Comunicação, 168 páginas, R$ 59), escrito por Carolina Andrade com pesquisa de Ana Carolina Layara Glueck - ambas bisnetas de Sabino."Foram sete anos de trabalho", diz Ana Carolina, que revirou o arquivo da família para produzir a obra. "Mas era um material que precisava ser publicado."

Nascido em 1869 em Florianópolis (SC), Sabino se mudou para São Paulo ainda jovem. Aqui cursou Direito na Faculdade do Largo São Francisco e estudou e praticou a taquigrafia - atuou na primeira Constituinte da República, na Constituinte do Rio de Janeiro e no Congresso Legislativo de São Paulo. "Seu serviço era mais caro que o da concorrência, mas ele tinha uma vantagem: entregava os discursos para a revisão dos autores 24 horas após o pronunciamento", conta Ana Carolina.

Nos anos 1890, Sabino passou a trabalhar também como editor de livros. Editou obras de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) e de Francisca Júlia da Silva (1871-1920) - a "musa impassível", homenageada por escultura homônima de Victor Brecheret (1894-1955).

Após advogar por um tempo, voltou seus olhos para a urbanização de São Paulo. Casado desde 1894, herdou uma extensa área que pertencera ao sogro, Afonso Augusto Milliet, onde hoje fica o bairro de Cerqueira César, nas imediações da Avenida Paulista. Ali construiu a bela casa onde viveria - no endereço em que atualmente se localiza o Conjunto Nacional -, projetada por Victor Dubugras (1868-1933) em 1902. Decidiu lotear o restante das terras. Para tanto, fundou uma empresa, a Companhia Edificadora Vila América. E o novo bairro foi então batizado de Vila América, em homenagem à sua mulher, que se chamava América.

Sua visão urbanística, com requintes de modernidade, proporcionava um avanço para a época. Tanto que ele não parou por aí. Foi sócio de empreendimentos da Companhia City e esteve à frente da Companhia Cidade Jardim, responsável pela urbanização dos arredores de onde hoje fica o Jockey Club de São Paulo.

Sabino morreu em 1950. Recebeu, como homenagem póstuma, um texto do poeta Guilherme de Almeida (1890-1969) publicado no jornal Diário de São Paulo. Sua mulher, América, morreu 15 dias depois.


Quarta-feira, 20 de maio de 2009

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