15 de mai. de 2009

Nas ruas, por uma cara-metade

COMPORTAMENTO
No Rio e em SP, ‘Movimento dos Sem Namorados’ faz atos para reivindicar direito ao amor

Solteiros do mundo todo, uni-vos. E, com sorte, encontrai vossas caras-metades. É essa a ideia do Movimento dos Sem Namorados, curiosa ação promovida pelo site de relacionamentos ParPerfeito e repercutida em comunidades do Orkut e do Facebook, blogs – o oficial é www.movimentodossemnamorados.com.br/blog –, um microblog no Twitter (www.twitter.com/semnamorados) e “cantadas” no site de vídeos YouTube.

“Quem sabe os participantes não conseguirão alguém até o Dia dos Namorados, para poder curtir a data já acompanhados?”, deseja o idealizador da brincadeira, Claudio Gandelman, presidente do Meetic para a América Latina, grupo francês cujo principal produto é o site ParPerfeito. “É um movimento como o dos sem-terra, mas sem armas nem invasão.”

O fim de semana oficial dos encalhados se inicia amanhã, no Rio. Uma passeata está marcada para começar ao meio-dia, na Avenida Rio Branco – a concentração será na Candelária. Em São Paulo, os manifestantes do coração irão se encontrar às 15 horas de domingo, na Marquise do Parque do Ibirapuera.

Para justificar a pertinência do movimento, a organização se apoia em dois dados. De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem quase 53 milhões de solteiros no País. E levantamento realizado pelo Instituto Ipsos/Marplan/EGM no ano passado mostra que 33% dos moradores dos Estados do Rio e de São Paulo não encontraram um, digamos, “cobertor de orelha”.

Números à parte, solteiros paulistanos e cariocas estão animados com a iniciativa. “Estarei lá (no Ibirapuera) no domingo. Se tudo der certo, aproveitarei esse movimento para conhecer alguém interessante”, diz o relações-públicas João Gustavo Rahal Gonzalez, de 22 anos, sem namorada há 2. “Tenho saído com algumas meninas, mas não acho ninguém mais inteligente, que valha a pena.”

Outra que promete marcar presença é a instrumentadora cirúrgica paulistana Ayridia Cantarutti, de 25 anos. “Meu último namoro durou apenas quatro meses”, conta ela, sozinha há dois anos e cinco meses. “Então resolvi dar um tempo porque os homens fazem a gente sofrer muito. Mas não estou fechada para isso. Vai que aparece alguém interessante...”

Solteira há seis meses, depois do rompimento de um relacionamento de sete anos, a psicóloga carioca Erika Martin, de 34 anos apoia a ideia. “Queria poder ir à passeata (amanhã), mas estarei trabalhando. Pelo menos lá eu iria encontrar pessoas com o mesmo objetivo que eu”, afirma.

Morador da zona sul do Rio, o promotor de eventos Vinicius Belo, de 23 anos, ficou sabendo do evento graças a um e-mail enviado pela ex-namorada, com quem terminou há um ano e cinco meses. “Sou precoce. Comecei a trabalhar muito cedo. Quero alguém acima de 25, que seja independente e tenha seu dinheiro, carro, casa”, frisa. “A maioria (das mulheres) quer ficar apenas uma noite. Namorar é sempre bom, faz falta. Trabalho com festas, inaugurações, então estou cansado de balada. Chega uma hora que você quer ir ao cinema ou ao teatro.”

Para Vinicius, o melhor do movimento é o interesse comum dos participantes. “Todo mundo ali quer a mesma coisa. O mundo está muito esquisito”, comenta. Ambos preferem procurar a cara-metade no mundo real, sem apelar para sites de relacionamentos. “Algumas amigas estão em sites, mas eu tenho resistência”, explica Erika. “É meio deprimente.”

NA CONTRAMÃO
Enquanto uns não veem a hora de achar o par ideal, há quem comemore o divórcio. Uma festa na Vila Madalena, marcada para o dia 23 e aberta ao público, irá marcar a nova fase da vida da assessora de Imprensa Meg Sousa, de 27 anos, que assinou o divórcio no início do mês. “Na verdade é uma liberdade, um recomeço”, explica. “O ex-marido também foi convidado, mas a namorada dele não deixou que ele participasse.”

A balada, com traje à fantasia, terá docinhos chamados de “bem-separados”, buquê, distribuição de camisinhas e outros brindes. Até um site foi criado (www.festadodivorcio.com.br) para divulgar o evento.

Se depender da nova solteira do pedaço, entretanto, o estado civil não deve permanecer assim por muito tempo. Ao tomar conhecimento, pela reportagem do Estado, do Movimento dos Sem Namorados, ela demonstrou interesse em participar. “Preciso arrumar um namorado urgente! Vou a essa passeata”, disse.

Colaborou Roberta Pennafort.


Quinta-feira, 14 de maio de 2009

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