3 de mai. de 2009

Shopping é ponto de encontro em Luanda Sul

O ELDORADO AFRICANO
No país que já é o maior mercado da TV Globo Internacional, novelas brasileiras são um sucesso

O paulistano Paulo Marinho não aprova as pizzas de Angola. Mineiro de Contagem, David Braga ainda não encontrou pão de queijo por lá. Quando vem ao Brasil, a cada dois meses, a soteropolitana Irmala Souza não se avexa: antes de voltar, enche a mala de farinha de mandioca. “Só não trago acarajé porque não dá”, admite.

Um colossal abismo social se formou no país, por causa da longa guerra civil. Praticamente não há classe média. Em Luanda, os mais pobres moram em cortiços e barracos e sofrem com falta de saneamento. Quem pode, vive em bairros com melhor estrutura. A maioria, na região de Luanda Sul, onde há diversos condomínios cheios de brasileiros com altos salários. “Fazer compras no supermercado custa quatro vezes mais que no Brasil”, conta o auditor Paulo Marinho, que mora lá há dois anos. Um almoço em um restaurante modesto sai por US$ 50. Um hambúrguer: US$ 13,20. Uma lata de Coca-Cola: US$ 2,70. O dólar é aceito na maioria dos estabelecimentos, embora a moeda oficial seja o kwanza – 75 kwanzas equivalem a US$ 1.

Morar ali não é nada barato. Um apartamento de dois quartos não sai por menos de US$ 5 mil por mês. As casas que as empresas brasileiras alugam para seus funcionários custam, em média, US$ 15 mil mensais. Para quem está a trabalho, a fatura é paga pelos empregadores.

Mesmo com as facilidades do idioma comum, a vida dos brasileiros em Angola tem seus percalços. “Pela falta de oferta, o custo de vida é absurdamente alto”, lamenta Marinho. “Tudo o que consumimos é importado. Até a água mineral.” O trânsito consegue ser pior do que o paulistano. “Três vezes pior”, acredita Braga. “Para percorrer 15 quilômetros, já levei três horas.” Muitas ruas não têm asfalto.

Ponto de encontro dos radicados, o único shopping de Angola é obra brasileira. Construído pela Odebrecht, foi aberto em 2007, com 89 lojas. A administração é de uma empresa brasileira, a Enashopp – que, em Angola, usa o marca Enangola.

Nossas novelas são um sucesso entre os angolanos. As mais antigas passam na TPA, emissora estatal. As atuais são transmitidas pela TV Globo Internacional, presente há oito anos no país. Angola é o maior mercado internacional da emissora – dos 500 mil assinantes, 150 mil estão ali. Por conta disso, a Globo prepara o lançamento de uma revista eletrônica específica. No mês que vem, um evento em Luanda terá o apresentador Luciano Huck como mestre de cerimônias.

Tal programação influencia a moda e os hábitos angolanos. O principal mercado popular de Luanda, onde são encontrados utensílios domésticos, roupas e todo o tipo de quinquilharia, chama-se Roque Santeiro, novela global exibida em 1985 e 1986.


Domingo, 12 outubro de 2008

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