5 de mai. de 2009

País acolheu esquerda brasileira nos anos 70

O ELDORADO AFRICANO

Nos anos 70, um grupo de brasileiros desembarcou em Angola com objetivos muito diferentes dos que hoje ali estão. Eles não estavam nem aí para o dinheiro e não eram bem-vindos no Brasil. Entre 1975 e 1977, cerca de 15 membros de grupos de esquerda atuaram no Movimento Pela Libertação de Angola (MPLA). O país estava no início de uma guerra civil que perduraria até 2002.

"Éramos todos militantes com a ilusão de que iríamos ajudar a construir um país", se recorda o jornalista Chizuo Osava, que pertencia à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e se tornou conhecido pelo codinome Mário Japa. "A maioria era ligada ao Partido Comunista." Chegando a Angola, cada um dos militantes atuou em um setor. "Eu trabalhei no setor de informação do MPLA", lembra. "Minha mulher (a socióloga Maria do Carmo Brito) deu aulas na Escola Superior de Serviço Social, teve gente que se dedicou à agricultura..." Mas, de acordo com Mário, a maioria dos militantes daquela época foi para Moçambique.

Em 1977, houve uma tentativa de golpe de Estado, com o apoio da União Soviética. Fracassou. "Aí a polícia política tomou conta, precipitando a nossa saída do país", conta. Uma das medidas foi a proibição de que estrangeiros atuassem no MPLA. Mário e os demais companheiros decidiram que era hora de partir. "Fui para Portugal esperar a Anistia", diz.

Mário nunca mais retornou a Angola. "Gostaria de fazer uma série de reportagens sobre o que mudou nesse tempo", comenta. "Mas hoje a vida lá tem um custo absurdo."


Domingo, 12 de outubro de 2008

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